Possibilidade de cancelamento da construção da plataforma P-62
Fonte: Valor Econômico
A Petrobras poderá cancelar a construção da plataforma P-62, que seria construída como um clone da P-54 no estaleiro Mauá, em Niterói (RJ), em parceria com a Jurong Shipyard, de Cingapura. O cancelamento do projeto, cujo contrato ainda não foi assinado, se relaciona com o aumento de custos em bens e serviços para a indústria de óleo e gás, dizem fontes do setor. A P-62, destinada ao campo de Roncador, na Bacia de Campos, tem custo previsto de cerca de US$ 1,4 bilhão.
Segundo fontes, o aumento de custos no módulo de compressão da plataforma poderia levar o preço final da P-62 para US$ 1,6 bilhão. Outra razão para o cancelamento da construção da P-62 como clone do navio-plataforma P-54 seria o fato de a curva de produção da Petrobras não depender, a curto prazo, do projeto.
O Valor procurou a Petrobras, mas sua assessoria de imprensa disse que ninguém comentaria o assunto. A informação no mercado, ontem, era de que executivos das áreas de exploração e produção e de engenharia e serviços da Petrobras estavam reunidos discutindo o futuro da P-62. Mais uma vez haveria um racha entre as áreas em relação à forma de executar o projeto, como ocorreu este ano quando a P-62 foi alvo de polêmicas dentro e fora da Petrobras.
A área de produção seria favorável a cancelar a construção do clone e abrir licitação para empresas que constroem e afretam as unidades à Petrobras, segundo as mesmas fontes. Modelo semelhante foi adotado pela estatal no caso da P-57, projeto ganho pela Single Buoy Mooring (SBM), com sede em Mônaco. O problema é que a alternativa do arrendamento não tem se mostrado viável porque o projeto da P-57 enfrenta dificuldades de manter os preços originais. A unidade foi orçada em US$ 1,25 bilhão.
A SBM tem memorando de entendimento com a Keppel Fels para a construção da plataforma, mas ainda não assinou o contrato definitivo com o estaleiro, que fica em Angra dos Reis (RJ). A licitação da P-62 poderia não ocorrer antes de dois anos, dizem as fontes. Qualquer decisão sobre o projeto dependerá de aprovação da diretoria da estatal.
José de Oliveira Mascarenhas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica de Niterói, Itaboraí e Região, foi taxativo: "Não vamos aceitar isso (o cancelamento do clone da P-62). Se for o caso, vamos ficar na frente da Petrobras por tempo indeterminado", disse Mascarenhas. A estimativa é que o cancelamento da P-62 poderia deixar desocupados entre dois mil e três metalúrgicos do estaleiro Mauá, que seriam empregados na obra.
Em março deste ano, os metalúrgicos de Niterói se mobilizaram para forçar a Petrobras a construir a P-62 no estaleiro Mauá, sem licitação, como um clone da P-54, que foi construída pela parceria Mauá-Jurong. Na época comentou-se no mercado que havia uma divisão entre a área de serviços, partidária da clonagem, e a área de exploração e produção da estatal, que queria a licitação da obra para empresas afretadoras estrangeiras.
Prevaleceu a construção do clone, sem licitação, modalidade amparada por decreto e que já tinha precedentes dentro da Petrobras. Agora parece que a polêmica pode ser reaberta.
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