Bate Papo TECNOPEG nº 4 - Conheça o dia-a-dia de uma Mulher Offshore.
Bom dia Tecnopeguianos,
Hoje estarei indo para Macaé, pois embarcarei amanhã (29/09). Mas antes de ir, gostaria de deixar uma postagem especialmente para vocês leitoras do TECNOPEG!
Devido ao grande sucesso do artigo que fiz sobre as Mulheres e a Indústria do Petróleo, não poderia deixar de trazer a realidade mais para perto de vocês leitoras, que também desejam entrar na indústria! Afinal, não sou mulher e posso não saber de determinados detalhes que somente uma mulher pode saber vivenciando a rotina de trabalho offshore.
Pensando nisso, resolvi fazer o convite para minha amiga Rose Paixão, Geóloga MudLogger, que trabalha embarcada desde o começo do ano pela Weatherford, multinacional que fornece equipamentos e Tecnologia em Perfuração/Produção de Petróleo.
O Resultado desse bate-papo é uma inédita entrevista abordando todos os aspectos da rotina de uma mulher offshore e uma ótima fonte de informações e dicas para vocês mulheres que tem interesse em trabalhar embarcada. Além disso, é uma ótima oportunidade de saber como é o dia-a-dia e o que enfrenta as mulheres que trabalham embarcado, funções que mais tem mulheres e etc.
Não podem deixar de perder essa entrevista, e repassem para suas amigas que também tem interesse! Se puder comentarem também ao final, só enriquecerá mais ainda a matéria!
BATE PAPO COM ROSE PAIXÃO - GEÓLOGA MUDLOGGER - WEATHERFORD
O Bate-Papo TECNOPEG de hoje está um pouco diferente. A Rose não respondeu diretamente as perguntas, e sim fez um texto tomando como base as perguntas feitas por mim, acrescentando algumas coisas também. A seguir o texto feito por ela:
Olá Victor,
Primeiramente gostaria de agradecer o seu convite para contar um pouco sobre a minha trajetória profissional, espero ajudar e incentivar outras mulheres que anseiam trabalhar na área offshore.
Sou geóloga formada pela UFBA e sempre tive interesse pela área do petróleo, além disso, também sou técnica em segurança do trabalho. Ao terminar a faculdade fui trabalhar com exploração de ouro, uma experiência ímpar, mas a vontade de entrar para o mundo do petróleo sempre esteve presente e é o que me fez e faz enfrentar todos os obstáculos; Olha que são muitos! Principalmente pelo fato de ser mulher.
Quando decidi tentar uma oportunidade na indústria offshore, procurei a ajuda dos amigos que já trabalhavam na área, vim para o Rio de Janeiro em julho de 2009 e juntei várias informações sobre as empresas que contratavam geólogos. Começou então a longa jornada de cadastro e envio de currículos, não lembro quantos foram ao certo, mas tenho a certeza de que foram dezenas. Todos os dias era a mesma rotina, checar email, celular sempre próximo para não perder o contato, mas a tão sonhada oportunidade não chegava. Alguns amigos me diziam que geralmente as empresas da área não contratavam mulheres, pois é um ambiente quase que totalmente de homens, jornada de trabalho pesada e é obrigado a ficar um período longe da família. Mesmo assim não desisti.
Retornei a Salvador, continuei a enviar currículos e buscar vagas através da internet. Em janeiro de 2010 finalmente fui convocada para participar do processo seletivo da Weatherford e hoje trabalho como geóloga mudlogger. Um dos fatores que fez a diferença é o fato de eu também ser técnica em segurança do trabalho.
O Mud logging é responsável pela monitoração em tempo real dos parâmetros da perfuração garantindo a segurança do poço bem como a descrição de amostras de rocha e realização de testes químicos visando à caracterização da rocha. Trabalhamos em uma cabine/unidade de mudlogging juntamente com o geólogo wellsite (Petrobras ou CIA internacional).
Eu trabalho embarcada em escala 14x14, jornada de trabalho de 12 horas com descanso também de 12 horas, faço as descrições de amostras de rocha, verificação de indícios de hidrocarbonetos, além de atualização de banco de dados relativos ao poço perfurado. Não temos plataformas fixa e a cada embarque somos direcionados a uma plataforma diferente. Na minha função não existem diferenças no serviço desenvolvido por uma mulher ou por um homem, basicamente é a mesma coisa, bem como não existem privilégios pelo fato de ser mulher.
Geralmente as acomodações são mistas, é difícil encontrar camarotes femininos, quando já estão completos normalmente coloca-se colegas da mesma empresa em um mesmo camarote. Plataformas mais antigas que têm banheiros coletivos são obrigadas a disponibilizar camarotes femininos com banheiros do contrário não recebem mulheres.
Até agora pude observar mulheres em diversas funções, as mais comuns são, Geólogas (Mudlogging; Wellsite), Engenheiras (LWD; MWD; Fiscal BR), Químicas, Enfermeiras, Professoras de Inglês, Nutricionistas, Comissárias, Taifeiras.
Quando se está embarcado o contato com o mundo externo é um pouco restrito, resume-se em internet e telefone sendo que as ligações interurbanas geralmente são liberadas à cobrar, existem cabine telefônicas e sala de internet. Uma evolução é que algumas plataformas já disponibilizam internet wireless para aqueles que levam laptop.
Com relação aos assédios (moral e sexual) até hoje nunca sofri, é fato que existem, ouve-se muitas estórias, mas não sabemos a veracidade. Outro fato é quando ocorre algum problema profissional com uma mulher e fazem comentários do tipo: “Ahh só podia ser mulher”, ou mesmo “Ihh essa aí não vai se adaptar”. Quanto ao assédio sexual, é punido severamente, caso alguma mulher seja assediada pode e deve comunicar ao OIM, GEPLAT, Fiscal (pessoas responsáveis pelo gerenciamento da plataforma), o funcionário é desembarcado imediatamente podendo até ser demitido.
São muitos os obstáculos que temos que superar, primeiro mostrar que somos capazes de desenvolver a função, que não temos problemas com o confinamento, superar os medos, a saudade da família, sem falar em ter que enfrentar uma tensão pré-mestrual embarcada, esse é um grande desafio. Em contrapartida tem a chance de conhecer inúmeras pessoas de diversas nacionalidades e inúmeras áreas de trabalho, futuramente poderá ser um contato para uma nova oportunidade, isso acontece muito no mundo offshore. Sabemos que além de ter um bom currículo é preciso conhecer as pessoas chaves.
Para aquelas que desejam trabalhar offshore, seja persistente, se qualifique, faça o diferencial, invista no inglês e procure ajuda com os amigos que já trabalham na área, eles te indicarão o melhor caminho.
Atualmente o mercado de trabalho offshore está bastante aquecido, a área operacional é umas das que apresenta uma demanda muito alta por profissionais de geologia e engenharias, as empresas oferecem salários atrativos e alguns benefícios. Contudo pesquise sobre a profissão, faça o que você realmente gosta não pense apenas no dinheiro, pois poderá correr o risco em transformar-se em um profissional infeliz e medíocre.
Fica aí a dica para vocês, continuem acessando e participando de blogs como o TECNOPEG, sempre tem vagas atualizadas e material acadêmico de primeira qualidade.
Parabéns pelo blog Victor e mais uma vez obrigada pelo convite.
Abraço a todos e sucesso.
Rosenilda Paixão
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Espero que essa entrevista tenha esclarecido mais um pouco para vocês mulheres, como é a realidade do trabalho embarcado para vocês! Caso a Rose autorize, depois estarei divulgando o contato dela, para que vocês possam tirar dúvidas diretamente.
Que Deus abençoe a todos, sucesso!
Visite também:
PETRÓLEO VAGAS, onde sua vaga na Indústria de Petróleo está esperando por você. www.petroleovagas.blogspot.com
PETRÓLEO E GÁS NETWORKING, a Rede Social do Estudante e Profissional da Indústria do Petróleo
www.petroleonet.ning.com
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"Tudo posso naquele que me fortalece" (Filipense 4:13)
2 comentários:
Parabéns pelo post!
Saber sobre a área de atuação das mulheres é realmente incentovador.
Nosso Mercado de Trabalho é meio complicado, mas com o passar do tempo, conseguimos grandes vitórias.
Parabéns.estou fazendo o curso de taifeira e espero trabalhar embarcada logo
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