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terça-feira, 14 de julho de 2009

O Petróleo que não é nosso!

Por Mauro Kahn & Pedro Nobrega
O futuro do petróleo, a maneira como o recurso se posicionará na escala energética daqui a alguns anos, é um assunto que gera grande controvérsia e surge cercado de preconceitos e informações mal-interpretadas. Não é raro, em uma mesa de discussão, nos depararmos com aquele sujeito “entendido”, sempre disposto a nos alertar – com muita gravidade – sobre a escassez do petróleo. Para tanto, o “entendido” geralmente se baseia em informações como a elevada produção mundial em comparação com o volume total das reservas. No entanto, existe uma outra possibilidade, que pode ser perfeitamente defendida, a qual parte da estimativa otimista de que ainda há muitas descobertas por acontecer.
E não somente isso. Existem também aquelas reservas que já conhecemos e onde a produção é bem pequena, como no caso mais recente do Iraque. Agora o país, “pacificado”, abre-se para novos investimentos estrangeiros e torna-se sinal da constante renovação pela qual passa a Indústria do Petróleo, alternando de tempos em tempos seus principais campos de ação.
Justamente devido à modesta produção no decorrer dos últimos 20 anos, atualmente o Iraque ocupa a posição de melhor R/P (Reserva/Produção) do planeta. Além disso, conta com um potencial estimado de 100 bilhões de barris em reservas ainda não provadas. Embora muitas das informações que nos chegam da região do Golfo Pérsico sejam desencontradas e cercadas de especulação, é possível conjecturar que ainda existam reservas a serem descobertas no mar, uma vez que a maioria dos campos explorados encontra-se em terra.
Fato é que uma grande parte das reservas mundiais de petróleo encontra-se inacessível, pelas mais diversas razões. Em certos casos, pode ser uma questão tecnológica (como o petróleo que se encontra no pré-sal). Já em outros, são questões ambientais que tornam o Upstream e o Midstream bem arriscados, como no caso do estado do Alasca e do Pólo Norte.
No entanto, os casos que chamam mais atenção, e portanto surgem de maneira mais evidente, são aqueles em que o impedimento deriva de guerras e pressões políticas. Não podemos encontrar melhor exemplo para este tipo de situação do que o impasse quanto à exploração de petróleo no Mar Cáspio. A região, riquíssima, chegou a ser explorada pelos irmãos Nobel e tornou-se um pólo atrativo no início do século XX. Durante o III Reich, chegou a ser um alvo da cobiça de Hitler e estopim para a tragédia de Stalingrado.

No entanto, com o governo soviético e sua subseqüente derrocada, os países que circundam o Mar Cáspio jamais conseguiram entrar em acordo sobre como deverá ser distribuído o lucro proveniente da espetacular produção em potencial. Reuniões e acordos entre os países da antiga URSS são constantemente organizados, mas a disparidade de interesses e as profundas marcas deixadas pela história não permitem qualquer conclusão positiva.
Um dos grandes problemas do Mar Cáspio remete ao escoamento através de dutos, que inevitavelmente cruzariam países muitas vezes antagônicos aos produtores ou sujeitos a uma grande probabilidade de atentados terroristas. O Afeganistão, por exemplo, seria um caminho natural para que o petróleo (e principalmente o gás) chegassem à Índia e ao Sudeste Asiático, mas sua instabilidade espanta os investimentos. O mesmo ocorre com o noroeste da China, em teoria um excelente ponto de entrada, mas na prática constantemente agitado por movimentos separatistas.
Hoje, postergar essa produção ainda interessa à Rússia, país com as maiores reservas da região. Posicionada estrategicamente, apresentando as melhores condições para ser a grande fornecedora da “Zona do Euro” e de vizinhos como China e Japão, a Rússia não tem razões imediatas para colocar seus vizinhos do Mar Cáspio em evidência, correndo o risco de perder mercado.

Os investimentos do país na Sibéria Oriental e na Ilha de Sakhalin (que promete 1200 milhões de barris, além de 500 bilhões de m³ de gás natural) por ora vêm bastando. Por outro lado, assumir o Mar Cáspio como parte deste projeto poderia facilmente colocar a Rússia em proximidade com a Arábia Saudita, tornando-se o maior exportador de gás e petróleo do mundo. E é bem provável que esta seja apenas uma questão de tempo.

O caso da Rússia, como o do Iraque e as já citadas regiões de fragilidade ambiental, é apenas mais um exemplo de caminho através do qual o petróleo ainda pode se mover como principal recurso energético de um país.

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