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segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O PORTO SEGURO DO PETRÓLEO NACIONAL

Por Mauro Kahn e Pedro Nobrega do Clube do Petróleo www.clubedopetroleo.com.br
 
O ano de 2009 começou com boas notícias para o setor de petróleo. Em um momento de grande instabilidade mundial, o governo brasileiro já afirmou disse confiar no potencial da Indústria do Petróleo Nacional, assegurando aos investidores (potenciais e reais) do pré-sal que suas intenções não serão frustradas. No entanto, o que mais chama a atenção dos especialistas é o retorno do enfoque produtivo sobre a Bacia de Campos.
 
Se durante todo o ano passado a grande preocupação dos “players” nacionais dizia respeito à descoberta e distribuição de novas reservas, este ano a prioridade parece ser um aumento de produção que torne não apenas os novos investimentos viáveis, mas garanta também alguma segurança à economia brasileira (que ainda aguarda aflita os reflexos da crise financeira, os quais vêm sendo absorvidos aos poucos). Para isso, a Bacia de Campos parece o alvo ideal, por sua estrutura de produção e funcionamento (que amadurece progressivamente).
 
O primeiro passo dado foi a ativação da plataforma semi-submersível integralmente construída no Brasil, a P-51, no campo Marlim Sul, no dia 24/01. Capaz de produzir 180 mil barris de petróleo por dia, a plataforma proporcionará ao Brasil ganhos também na área do gás natural através de sua capacidade de comprimir 6 milhões de metros cúbicos. Relatórios do governo falam também de 4 mil empregos gerados diretamente e 12 mil gerados indiretamente.
 
Uma réplica da P-51, a plataforma P-56 é prevista para entrar em funcionamento no final de 2010 e seus ganhos deverão ser similares (embora deva processar “apenas” 100 mil barris por dia). Outras quatro plataformas são previstas para a Bacia de Campos até 2013, nos campos de Roncador, Jubarte e Papa-Terra, contabilizando um vastíssimo aumento de produção (e rivalizando com apenas duas que serão construídas em Maragogipe e uma na Bacia de Santos).
 
Parece certo que, se o pré-sal é o futuro, a Bacia de Campos está mais presente do que nunca. Virtualmente esquecida em 2007, ela ainda está a meio caminho de sua plena exploração, tendo muito para proporcionar. O carro-chefe do governo continuam sendo as águas profundas, mas a atenção dos produtores, neste momento, parece definitivamente voltada para a Bacia de Campos.
 
A atitude, dentro do cenário mundial que vivenciamos, parece perfeitamente coerente. Com a vertiginosa queda nas cotações do barril em relação ao primeiro semestre do ano passado, a possibilidade de um grave contra-choque paira sempre no ar, e ter a opção de obter o petróleo a preços mais modestos – sem excluir de maneira alguma o pré-sal – torna o país mais flexível para os próximos anos.
 
Particularmente, não acreditamos na eternidade  deste contra-choque, e sim em uma tendência de aumento nas cotações no médio prazo, pois raramente uma situação de tal desvantagem para um número considerável de players dura muito tempo. No entanto, caso esta possibilidade se enfraqueça, é vital para o Brasil, pretendendo de fato tornar-se um dos grandes agentes no mercado mundial do petróleo, que construa sua própria Indústria sobre bases sólidas.

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